Em homenagem a essa data comemorativa, apresento-lhes a carta que São Valentim pode ter escrito a sua amada, dando origem ao dia mais romântico que temos no Brasil o dia dos namorados, hoje em dia a maioria da população esqueceu o significado desse dia, como previa em sua carta São Valentim disse: "Há-de um dia alguém, num tempo que ainda não existe, dizer que todas as cartas de amor são ridículas."
Minha amada Asterias,
Há-de
um dia alguém, num tempo que ainda não existe, dizer que todas as
cartas de amor são ridículas. Mas logo a seguir retratar-se-á afirmando que afinal só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas.
Não
quererei eu, por certo, ficar no rol dos ridículos que nunca escreveram
cartas de amor. Eu, que violei decretos imperiais e que, em sigilo,
celebrei a união de tantos apaixonados. Eu, que pago com a vida essa desobediência civil, escrevo-te esta carta de amor, a única que alguma vez escrevi.
Fevereiro
chegou há treze dias e com ele a Primavera, o tempo da purificação. Não
deixa de ser irônica a data escolhida para a minha decapitação: 14 de
Fevereiro, dia da deusa Juno, a deusa do casamento. Seria o dia que nós
teríamos escolhido para nos unirmos e assim consagrarmos a alegria
suprema deste imenso amor que, mesmo sem intenção dirigida e em
circunstâncias tão nefastas, germinou e se fez indestrutível.
Esmaga-me
o peso da saudade que toma já conta de mim. Amanhã, logo após o sol
nascer e antes de o algoz me vendar o olhar, procurarei a tua cabeça,
que me prometeste enfeitar com uma grinalda branca, fixarei os teus
olhos e a luz refletida na densidade das lágrimas que neles verei
guiar-me-á no caminho da eternidade.
Nesta
noite que não tem fim, dou passos ininterruptos na solidão escura deste
catre na esperança vã de com eles anular a distância que nos separa,
mas cada passada regressa triste e desconsolada como a de um amante
rejeitado. Porém, sei que quem me rejeita não és tu, meu amor desolado,
mas este destino cruel que não me deu escolha. Tenho esperança que
Claudius um dia compreenda o alcance da minha desobediência, nem que
seja na noite mais obscura da sua consciência e que o entendimento, de
tão claro, lhe cegue a vontade de prosseguir guerras e conquistas à
custa da proibição do sentimento mais sublime.
Encontro
o meu consolo na leitura dos teus bilhetes apaixonados e na certeza do
teu afeto. Tu já não és só a mulher a quem dei o meu coração. És a
amante do meu corpo e da minha alma e, num grito de exultação suprema,
consagro-te a minha fidelidade eterna.
Despeço-me da vida e de ti.
O teu, sempre teu
Valentim
Já Renato Russo definiu o amor em uma simples frase:
Renato Russo: Alguém aí já sofreu por um amor verdadeiro?
Publico: Já!
Renato Russo: Duvido. Se fosse amor verdadeiro não faria ninguém sofrer.
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